A recuperação da economia brasileira caminha a passos mais lentos do que muito se previu. Apesar de uma inflexão de uma queda ao redor de 8% no biênio 2015-2016, o crescimento ao redor de 1% nos dois anos seguintes e as previsões para que com esforço se alcance o mesmo patamar em 2019 parecem um tanto quanto desanimadoras. Não para o setor imobiliário – e, consequentemente, para o de fundos imobiliários.
Fundos de Investimento Imobiliário (ou FIIs) nada mais são do que grupos de pessoas cujo objetivo é o de investir em ativos imobiliários. Dado que os financiamentos imobiliários – ou mesmo contratos de locação – costumam ter certa estabilidade, garantias de pagamento e prazos mais alongados, este investimento sempre está presente, mas ganha ainda mais espaço como alternativa de alocação de recursos em momentos como o atual.
Dois fatores deixam claras as vantagens do momento atual para este setor: taxa de jurosbaixa e inflação ancorada e igualmente baixa.
O primeiro fator é a resposta para a liquidez existente também em outros mercados: com uma SELIC em patamares mais baixos (atualmente em 6,5%, com viés de baixa), quem investe deve buscar outras alternativas para o dinheiro que trabalha para si. Essas alternativas são bastante diversas, mas, considerando o crescimento no setor imobiliário após um rigoroso inverno, colocam os títulos associados aos imóveis em boa situação. Em números, o mercado que tem se reaquecido puxado por moradias populares e também pelo mercado de alto padrão, e tem previsão de crescimento entre 10 e 15% neste ano.
O segundo parece mais psicológico, mas é muito mais real do que se imagina. Inflaçãobaixa e com sinais fortes de permanência em baixos patamares significa, na prática, que o horizonte possível para a aquisição de um imóvel é menos nebuloso do que algum que envolva grandes variações inflacionárias. Auxiliam a fortalecer essa visão de estabilidade as reformas do lado fiscal do governo, dentre elas a previdência, que resultará em um menor custo de financiamento do governo -, e permitem que os juros permaneçam mais baixos dado que a inflação também ficará em um patamar menor. Isso sem falar na ocupação de capacidade ociosa, fator que não se recuperou totalmente do tombo dos anos 2015 e 2016, e que permite que ocorra crescimento sem necessariamente uma pressão sobre os preços.
A união entre os juros baixos e o horizonte mais suave no tocante a inflação são uma mistura que, apesar do marasmo econômico em que nos encontramos, permite um crescimento notável no mercado imobiliário como um todo, desde a aquisição de imóveis em si até os fundos de investimentos que se baseiam nessas transações e na confiança de que elas seguirão sendo bem-sucedidas ao longo dos próximos anos.
Em 2019, o IFIX, que é o Índice de Fundos de Investimento Imobiliário com uma carteira teórica de 92 fundos imobiliários, já subiu pouco mais de 11% em 2019. A tendência é que reduções na taxa SELIC potencializem ainda mais esse rendimento.
No mundo novo que se abre nos rumos de uma Selic consideravelmente baixa e com sinais ainda de queda estão uma miríade de investimentos. É interessante ficar de olho nos Fundos de Investimento Imobiliário porque, apesar da economia ainda não ter começado a avançar como vem se prevendo nos anos recentes, o setor imobiliário é a prova de que esse movimento de recuperação é notável e já começou. Antecipar o movimento de recuperação é, sem dúvidas, fazer mais pelo seu próprio dinheiro.